Uma ilha deserta e ensolarada, com vegetação impressionante e banhada por um mar cristalino pode ser o cenário de um sonho. Mesmo sendo o pesadelo de uma escritora com bloqueio criativo. Brenda Bock uma jovem mulher de 27 anos, decide aceitar o convite de sua amiga de infância. O plano era tirar quinze dias de férias, descansar e desintoxicar mentalmente de sua ansiosa e reclusa vida em Boston. À caminho de umas das 1.200 ilhas das Maldivas, aconteceu o imprevisível. O avião caiu nas águas, e por sorte Brenda flutuou sobre um dos destroço até uma praia, logo ela descobre que está presa em uma ilha desabitada. Pelo menos é o que ela acredita. De início, tudo o que importa é sobreviver. Mas, à medida que os dias passam, sua esperança de resgate fica cada vez mais distante. Brenda vê uma de suas histórias se tornar realidade.
Atravessando a multidão, ao mesmo tempo que puxando a mala pesada com
rodinhas, penso se escolhi o dia certo para voar em Boston, tinham muita gente
decidindo voar também hoje. Quando finalmente cheguei ao guichê da US Airways,
o atendente do check-in gentilmente fez seu trabalho, etiquetou minha bagagem e
me entregou o cartão de embarque. - Obrigado, Srta. Beck. Já fiz seu check-in
para Male. Tenha uma boa viagem. Enfiei meu cartão de embarque na bolsa e virei
para me despedir de minha irmã e cunhado. - Obrigada por me trazer.
- Eu acompanho você, Brenda.
- Não precisa - falei, balançando a cabeça.
- Tudo bem então, mas liga se precisar de ajuda. - disse minha irmã,
fingindo cara de brava.
- Calma, será somente quinze dias - afirmei.
Com um novo beijo na bochecha ela foi embora.
Já no portão, fiz minha última conferida nos documentos e segui para o
embarque. Segui pelo corredor estreito até meu assento na primeira classe.
Preferi ficar na janela, e então afivelei meu cinto de segurança ao lado de uma
Sra. Simpática. Tirei um livro da minha mala de mão, o piloto decolou, e
deixamos Boston para trás.
* * *
As coisas começaram a dar errado no meio da viagem. Deveria ter levado pouco
mais de dezoito horas para voarmos de Boston até Malé - capital das
Maldivas. Mas chegamos três horas depois. Tivemos que aterrissar em um ponto da
viagem.
O vôo foi como esperado, cansativo e demorado. E devido pouco passageiro,
quando aterrissamos no Aeroporto Internacional de Malé, devido o horário, não
tinha transporte disponível para ilha. Eu ainda estava mais de duas horas via
hidroavião, de distância da hospedaria da minha amiga.
Exausta da viagem e com a cabeça doendo, providenciei logo um transporte
alternativo.
O atendente verificou no computador quando teria o próximo vôo. - Vai
escurecer logo. Hidroaviões não voam ao entardecer. - Percebendo minha
angústia, ele me lançou um olhar solidário, digitou algo no computador e pegou
o telefone. - Vou ver o que posso fazer.
Agradeci, e fiquei aguardando um milagre. Tirei um frasco de analgésico da
bolsa, peguei um comprimidos na mão e engoli com a água.
Liguei para minha amiga Anna, para avisar que talvez tivesse que passar a
noite no aeroporto.
-Se conseguir vôo eu aviso. - Coloquei o telefone de volta na bolsa e
me aproximei do balcão, apreensiva.
- Um piloto de um voo fretado pode levar você até a ilha - disse o
atendente. - Os passageiros dele atrasou. Sorri, aliviada. - Que
maravilha! Obrigada por encontrar um voo. Agradeço de verdade.
- Tentei ligar de novo, mas meu celular estava sem sinal. Minha esperança
era conseguir ligar quando chegássemos à ilha.
Um micro-ônibus me levou para o terminal de táxi aéreo. O atendente fez
nosso check-in no balcão e segui. O clima estava abafado, gotas de suor
brotaram na minha testa e na minha nuca. O investido que usava estava
amarrotado, e desejei ter trocado a roupa novamente por outra mais leve. O calor
é sufocante.
Um funcionário do aeroporto estava no cais perto de um hidroavião que
oscilava suavemente na superfície da água. Ele fez um sinal para mim. Quando
fui até ele, ele abriu a porta, e então subi a bordo do avião. O piloto estava
na cabine, mas logo abriu a porta.
- Oi, eu sou o Joel - falou alegremente.
- Espero que não se importem se eu terminar meu jantar.
Sou Brenda Back - apresentei-me sorrindo e estendendo a mão para
cumprimentá-lo. - E é claro que não me importo. O avião estava sujo, mas
serviria o propósito. Afivelei o cinto de segurança e fiquei
olhando pela janela. O piloto terminou o jantar, pediu autorização e
seguiu para longe do píer, ganhou velocidade e levantamos voo.
Tentei cochilar, mas a luz do sol entrando pela janela e meu relógio
biológico confuso não permitiram que eu relaxasse. Sem conseguir descansar,
desafivelei meu cinto de segurança e fui perguntar a Joel quanto tempo
demoraria até que pousássemos.
- Mais ou menos quanta minutos. O céu estava limpo.
- Ele fez um gesto na direção da cadeira do copiloto.- Pode se sentar aí se
quiser. Eu me sentei e afivelei o cinto de segurança.
Admirei a vista estonteante. O céu, sem nuvens e com o início do entardecer.
Embaixo, o oceano Índico, em verde e azul. Um barulho estridente apita no
painel, rapidamente Sr. Joel desliga - Algum problema. Está desregulado esse
sensor, tinha arrumado semana passada. - Então, você é de onde? - De Boston. -
O que você faz lá? - O painel apitou novamente. - Sou escritora. - Ah, férias
de verão. - Bem, acho que sim. Estava com bloqueio criativo e resolvi dar um
tempo pra mente.
- Boa escolha, esse lugar é demais. Sorri.
- São mesmo mil e duzentas ilhas aqui? - perguntei.
- Joel?
- O quê? Ah, sim, mais ou menos. Mas poucas são habitadas, mas acho que isso
vai mudar, muitas são particular. Tem muito empreendimento vindo pra cá.
O barulho soou novamente. - Joel, tudo bem?
- Bem, deveria, mas está apresentando problema no motor.
-Posso te ajudar em algo? - disse apavorada.
- Ele respirou profundamente e olhou para mim. - Obrigado de qualquer forma.
O suor gotejava pela lateral do seu rosto.
- Joel. - Meu tom era urgente. - Precisamos pedir ajuda. Ele concordou com a
cabeça.
- Vou pousar o avião na água primeiro, e então chamo ajuda pelo rádio. - Ele
parecia exausto também.
- Coloque o colete salva-vidas. Estão no compartimento de bagagem perto da
porta. Depois sentem-se em um dos últimos assentos e afivelem o cinto. - Agora!
Meu coração estava aos pulos. Corri e fiz o que me foi ordenado.
O avião tem flutuadores, certo? Porque ele está com medo de não conseguir
baixar a tempo. - Talvez seja um procedimento operacional padrão.
Estamos pousando no meio do oceano. - Encontrei os coletes salva-vidas
apertados entre um recipiente em forma de cilindro que dizia BOTE SALVA-VIDAS e
diversos cobertores. Colocando-o, sentei-me e apertei os cintos de segurança;
minhas mãos tremiam muito.
Agarrei os braços do meu assento e olhei pela janela, percebendo a
superfície ondulada do oceano se aproximando. Mas então, em vez de diminuir a
velocidade, aceleramos, descendo em um ângulo íngreme. Olhei a parte da frente
do avião. Joel estava apertando o painel apagado e o manche travado.
O nariz do avião deu uma guinada para cima, e atingimos a água com a cauda
primeiro, quicando nas ondas. A ponta de uma asa atingiu a superfície e depois
a outra e o avião rodopiou fora de controle.
O som de vidro estilhaçado encheu meus ouvidos, e tive a sensação que estava
em um cilindro rolando e não só rodopiando. Em seguida, senti uma dor na cabeça
no momento em que a aeronave se partiu.
Afundei no oceano ainda presa no assento, a água do mar me sufocou
imediatamente e então apaguei.
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