Noiva por contrato - Bella mia(série: Destinos entrelaçados)
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Minha querida, por favor, volte para mim
Um casamento arranjado
Um vínculo inquebrável de amor
O caminho para seu coração
O retorno chocante da Madisyn
O Romance com Meu Ex-marido
A Segunda Chance com Meu Amor Bilionário
Lágrimas da Luna: Dançando com os príncipes licantropos
Definitivamente, acordar às cinco da manhã deveria ser proibido. Não era justo ter que levantar tão cedo em uma segunda-feira, principalmente depois de um feriado prolongado.
A dor de cabeça, resultado de uma noite de bebedeira com as amigas, já havia desaparecido. Mas eu ainda sentia uma forte irritação no estômago, que não passava nem mesmo com todos os sucos, chás e sermões da minha mãe.
Abri os olhos, afastei as cobertas preguiçosamente e sentei na beira da cama. Meu corpo não tinha se recuperado nem noventa por cento, como eu faria para me concentrar e colaborar com a Concepta Arquitetura, na reunião com os novos investidores?
Como não tinha outro jeito, me preparei psicologicamente para aquele dia e, após repassar mentalmente minha agenda, fui me arrastando até o banheiro.
“Acorda mulher.”
Meu reflexo no espelho estava deplorável: cabelo embaraçado, olheiras enormes, lábios ressecados, a imagem de uma pessoa sem a menor noção do ridículo e pensava que ainda era uma adolescente.
“Irresponsável!”
Fiz minha higiene bucal, ignorando deliberadamente a Lia horrorosa que me encarava no espelho, dizendo que eu precisava tomar serias providencias com relação à aparência.
Entrei no chuveiro e deixei o jato de água fria fazer seu trabalho. Se eu tinha certeza de algo era que, nunca mais, entraria na onda de Lorena e Lisandra. Eu não aguentava beber no mesmo ritmo que elas, precisava me conscientizar disso e aprender a controlar meus impulsos.
Saí do chuveiro revigorada.
Parei novamente na frente do espelho, desembaracei os cabelos e me tornei apresentável para a reunião.
Aquela segunda-feira era a mais importante da minha vida, o dia em que eu seria promovida a arquiteta-chefe, responsável por um setor inteiro e projetos importantes. Tudo o que eu havia sonhado, me preparado e trabalhado a vida inteira estava prestes a acontecer.
Fiz o melhor que pude com meu visual, mas não adiantou muita coisa. Somente uma passada no salão de beleza resolveria minha situação. Então, resolvi me fantasiar de arquiteta competente, vesti meu conjunto de calça e blazer preto, combinando com uma camisa social lisa, da mesma cor e o scarpin com o solado vermelho — que custou os dois olhos da minha cara — completei com relógio, semi-joias e uma maquiagem leve, mas eficiente. Deixei os cabelos soltos, para secarem naturalmente e saí de casa — atrasada para variar.
***
A Avenida Luís Viana Filho, mais conhecida como Avenida Paralela, estava completamente engarrafada.
No rádio, o locutor informou a hora: faltavam quinze minutos para às oito, horário do início do meu expediente. A reunião estava marcada para às nove.
***
Uma hora e centenas de meias embreagens depois, finalmente passei pela cancela de acesso ao estacionamento do World Plaza II.
Pela hora, eu não conseguiria encontrar vaga em nenhum dos cinco primeiros níveis, então, avancei para os superiores onde ficavam as vagas destinadas aos diretores e executivos das empresas instaladas no prédio. Eu conseguiria estacionar rapidamente e usaria os elevadores para chegar no meu andar a tempo da reunião.
Eu adorava roubar vagas de carros maiores e mais potentes que o meu, por isso, deixei que meu lado competitivo desse as caras no instante que avistei um SUV se posicionando para ocupar uma das vagas.
“A hora é agora. Vamos lá, Lia. Se concentra!”
Pareei meu carro, engatei a ré, soltei a embreagem e alinhei o veículo. Acertei o volante e deslizei vitoriosa para dentro dos limites da vaga.
Identifiquei que o possante se tratava de um modelo Bentayga, da marca britânica Bentley. Não me lembrava de ter visto um veículo como aquele circulando pelas ruas de Salvador, por isso, aumentei consideravelmente a pontuação do meu ranking pessoal de roubo de vagas. Afinal, não era todo dia que uma saboneteira, como meu Fiat Mobi, vencia um modelo importado que nem português falava.
Reuni meus pertences e me preparei para desembarcar. Foi quando ouvi umas batidas insistentes no vidro da porta do meu carro.
— Essa vaga era minha, senhorita! — a voz máscula e muito grave, avisou que alguém estava disposto a iniciar uma discussão.
Pendurei a bolsa no ombro, abri a porta e quase tive uma morte súbita: não muito mais alto que eu — cerca de um metro e oitenta e cinco de altura — cabelos castanhos — impecavelmente penteados — vestindo um terno cinza-escuro — caro e muito bem cortado — um verdadeiro “problema” de olhos azuis me encarava fixamente.
“Minha Nossa Senhora, que gato!”
Minha vontade era ficar o dia inteiro admirando aquele monumento cheiroso e enfezado. Mas, lembrei que eu tinha uma reunião e estava muito atrasada. Sendo assim, recuperei o fôlego, juntei com o resto de dignidade que eu ainda não havia perdido, apoiei as mãos na cintura e o encarei de volta.
— Tinha seu nome escrito na vaga? — fiz o melhor que pude para sustentar o olhar e não demostrar o quanto estava afetada.
— Não, não tinha. Mas, pelas regras de trânsito, quando a lanterna está piscando para a esquerda, significa que o condutor pretende manobrar para aquele lado. Como meu carro estava bem à sua frente, acredito que deve ter visto a seta indicando o que eu pretendia fazer. — ele apontou na direção da luz traseira do veículo, que acendia e apagava freneticamente, confirmando que ele tinha razão.
Claro que aquilo não me intimidava, nem um pouco. Roubar vagas era meu hobby, algo que eu fazia para me distrair. Nenhuma das minhas “vítimas” jamais haviam se dado ao trabalho de vir reclamar, piorou me corrigir se baseando nas Leis Nacionais de Trânsito. Ele que aceitasse a derrota e fosse procurar uma vaga em outro lugar.
— Eu gostaria muito de ficar, discutir sobre as leis de trânsito, suas brechas e emendas, mas estou muito atrasada e preciso chegar no meu andar — consultei o relógio —, em cinco minutos para entrar numa reunião que começa em seis. Sua palestra terá que ficar para outra ocasião.
Falei de maneira bem debochada, enquanto pendurava novamente a bolsa no ombro, trancava meu carro e me preparando para sumir dali. Mas, o homem parecia disposto a briga e não havia, sequer, saído do lugar.
— Você pode dar licença, por favor?
A proximidade com o corpo dele estava provocando uma série de reações descabidas para aquele momento.
— Ah! O que foi? Estou pedindo licença. — enfezei a cara para ele também.
— Está desculpada. — ele continuou me encarando.
Notei um quase sorriso em seu rosto e me dei conta de que ele estava se divertindo com a situação e bloqueando propositadamente minha passagem.
— Ok! Me desculpe! — falei apressadamente — Qual é? Eu já pedi desculpas! Pode me deixar passar?
— Por favor? — ele pendeu a cabeça um pouco para o lado e arqueou a sobrancelha esquerda.
“Oh! Diacho, não faz isso. Não faz essa cara que eu gamo.”
— Por favor.
Ele deu um sorriso fraco e eu revirei os olhos.
Sem dizer uma só palavra, ele deu as costas e voltou para o carro, entrando pela porta traseira.
Aquilo me irritou demais.
— Que maravilha! Você não estava nem dirigindo, seu babaca. Porque não mandou o corno do seu motorista procurar outra vaga? Riquinho de merda!