Noiva por contrato - Bella mia(série: Destinos entrelaçados)
A proposta ousada do CEO
Minha querida, por favor, volte para mim
Um casamento arranjado
O retorno chocante da Madisyn
O caminho para seu coração
Um vínculo inquebrável de amor
Acabando com o sofrimento de amor
O Romance com Meu Ex-marido
A Segunda Chance com Meu Amor Bilionário
Não sei se era o lugar mais lindo do mundo, mas à primeira vista parecia um pedaço do paraíso. Me sentia dentro de uma pintura impressionista. As pinceladas foram generosas nas cores das flores e nos vários tons de verde, desde os que revestiam a grama até os das folhas das árvores mais altas, em tons mais amarelados por conta da iluminação do sol.
Era uma aquarela e eu estava dentro dela. Meu vestido amarelo contrastava com as flores de pétalas tão azuis quanto um céu de verão. Sentia o tecido esvoaçar enquanto eu corria por entre as flores do campo. Parei e olhei para cima, apesar de muitas árvores, eu conseguia ver o céu claro do meio dia e totalmente livre de nuvens.
Só uma coisa estava muito estranha nesse lugar: não havia som algum. Era como se alguém tivesse apertado a tecla mudo do controle remoto da televisão e tudo ficou em suspenso. Eu via os pássaros sobrevoando no céu, as árvores balançando ao sabor do vento e nada de som.
— Tem alguém? — Gritei, mas a minha voz não saiu.
Senti uma presença. Dei uma volta em torno de mim mesma e não vi ninguém em lugar algum, mas tenho certeza que senti que havia mais alguém além de mim naquele lugar. O mais incrível é que eu não tive medo nenhum, pelo contrário, eu sabia que não havia motivos para temer.
Um vento mais vigoroso fez com que as árvores ficassem ainda mais alvoroçadas e enquanto seus galhos se curvavam e algumas folhas se soltavam deles, um perfume chegou até mim, mas não eram aromas herbais, típicos das florestas. Era um perfume marcante, daqueles que fixa, deixa rastros e chega antes mesmo da pessoa.
Eu me senti inebriada com aquele cheiro que penetrou em minhas narinas e alcançou todo o meu corpo. Senti uma vontade imensa de sorrir e logo depois quis chorar de felicidade, mas o vento ficou mais forte, tão forte que as folhas não se soltavam mais das árvores, elas se desmancham e se dissolvem, pingando na grama feito tinta escorrendo pela tela.
Eu tremia de frio e me sentia só de novo, porque o cheiro havia se dissipado e agora era levado para longe de mim. Comecei a esfregar as minhas mãos pelos meus braços arrepiados diante do vento gelado que destoava do clima ameno de minutos atrás. Meus pés estavam úmidos e, ao olhar para baixo, pude ver que a grama também havia se dissolvido e agora uma poça de tinta verde com pequenas rajadas azuis alcançaram os meus tornozelos, me afundando em um mar de cores e abandono.
— Socorro! — tentei gritar e, novamente, o som não sai.
Me debati em desespero, pois agora a poça havia se tornado profunda e a tinta alcançava o meio de minhas coxas, sujando a barra do meu vestido.
— Socorro, por favor, alguém me ajude!
Acordei assustada e tremendo de frio. A sensação de incompletude me invadiu e eu senti uma saudade de algo que nem sabia o que era. Aqueles sentimentos nostálgicos sempre me invadiam depois de alguns sonhos, mas esse, em especial, me deixou muito mais abalada.
As portas duplas que dão para a sacada do meu quarto estão escancaradas. A cortina flutua pelo quarto tal qual um véu de uma noiva em fuga.
Ainda é muito cedo, olhei para o relógio sobre a mesa de cabeceira ao lado da cama e vi que passava só um pouco das cinco da manhã. Apesar do frio, me levantei e fui até as portas pensando em fechá-la, mas desisti ao ver o sol despontando no horizonte e me encaminhei para a sacada, debruçando-me sobre o guarda-corpo de madeira que a margeava.
Eu amo a natureza, a vida pulsante que há em cada uma de suas ações, sejam os ventos tórridos ou a leve brisa, seja o calor de verão ou o frio do inverno. É tudo perfeito, tal qual uma obra de arte, pintada pelas mãos do maior de todos os artistas.
Dali de cima eu tinha uma vista privilegiada de Belo Horizonte. Enquanto o sol despontava por trás da Serra do Curral, eu corria os olhos para admirar as torres da igreja de Nossa Senhora da Conceição de um lado e o cemitério do Bonfim, do outro.
Moro em um dos vários sobrados do bairro de Lagoinha, patrimônio da cidade, mas segundo Rafael, o meu namorado, é apenas um bairro pobre que não combina com o nosso futuro estilo de vida, já que pretendemos nos casar assim que ele terminar a residência.
Só quero ver quando isso vai acontecer, visto que ele nunca faz o pedido de noivado e eu não tenho coragem de tomar a iniciativa, já que, das poucas vezes que toquei no assunto, ele mostrou uma certa resistência.
“Amor, não quero passar anos noivando, então só vamos fazer isso quando eu tiver terminado os estudos, aí a gente casa em seguida.”
Paro de contemplar o sol e entro no quarto assim que o despertador toca. Pego as minhas coisas e corro para o banheiro que fica no corredor entre o meu quarto e o de Camila, uma amiga que se tornou minha irmã desde que veio morar comigo.
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Desço as escadas de madeira escura e me encaminho para a cozinha, guiada pelo aroma delicioso que se expande por todo o ambiente.
— Hum, já disse que você é a melhor amiga do mundo?
— Para de me tapear que sei que o elogio é só por conta do café.
— Seu café é divino, mas você sabe que te amaria mesmo que fizesse um chafé tipo o meu, né?
Camila veio morar comigo assim que meus pais se mudaram para uma cidade do interior.
Depois que todos os meus irmãos casaram e eu, a caçula, entrei na faculdade, meus pais disseram que iriam cuidar da minha avó que acabara de ficar viúva e nem sonhava em voltar para a cidade grande. O sobrado onde moro hoje foi herança dela e de meu avô, uns dos primeiros a formar o bairro. Eles praticamente construíram a própria casa e hoje durmo no quarto que um dia foi deles, antes de ser dos meus pais. O que posso dizer, sou uma garota da cidade grande, mas gosto de tradições.
— O Rafael saiu bem cedo, mandou dizer que preferia tomar banho em casa antes de ir para o hospital. — Camila me avisa.
— Então foi ele que deixou as portas abertas, acordei congelando de frio.
— Ainda não instalou o ar-condicionado no quarto?
— E nem vou instalar, aquilo não combina com a arquitetura do sobrado, amiga — respondo.
— Estamos em janeiro, Íris, pleno verão, tem gente que morre de calor nessa época.
— Rafael pode muito bem dormir com o ventilador, como sempre fiz. E aqui nem é tão quente assim, isso é frescura dele.
Camila sorri de canto, arqueia as sobrancelhas e eu sei que essas expressões sempre vêm acompanhadas de um mas.