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Há muitos e muitos séculos atrás, não se sabe exatamente em que tempo e muito menos o local em que se passou, viveu um povo lendário, guerreiro e místico. Até hoje as pessoas se arrepiam de medo ao ouvir o nome Kasenkinos.
Povo do bem... Talvez do mau... Tinham tanto o poder de salvar vidas como também de tirá-las. Eles só queriam viver isolados naquela forma de vida em que acreditavam, mas não eram entendidos pelos outros povos. Lutavam contra tudo e todos que se aproximavam deles, inclusive entre si.
Nas batalhas entre grandes líderes e onde os deuses e espíritos sagrados os conduziam, eles sempre eram corajosos e impiedosos. Veneravam ao extremo a beleza feminina, mas ainda assim não respeitavam as mulheres como pessoas inteligentes ou que pudessem tomar decisões ou opinar dentro do clã.
Um povo crente em mitos, lendas e espíritos passados... Perseguido eternamente pelo reino, que sonhava um dia capturar cada um dos Kasenkinos e talvez poder julgá-los por tudo que fizeram, como seres sagrados ou demônios que vivam na floresta.
Daily olhou novamente para o povoado. Todos caminhavam de um lado para outro, desnorteados. Ela não sabia o que estava acontecendo. Mas temia que fosse uma batalha. Correu até o ponto de encontro no rio, onde estava a maioria dos Kasenkinos. Ahau e Ahua estavam sobre a grande pedra que ficava metade na água, outra na terra. Assim que Ahau, líder Kasenkino levantou o braço, todos se calaram para ouvi-lo.
- Povo Kasenkino. – falou Ahau. – Recebi finalmente o aviso que tanto esperava. Os antigos espíritos dizem que está na hora da grande batalha. Vamos atacar o rei Pollo e todo o Reino de Machia. Esperamos muito por este momento e estamos preparados para vencer esta guerra. Quero que derramem todo sangue necessário... Matem todos. Têm minha permissão e a dos velhos espíritos para irem... Os deuses estarão do nosso lado.
Assim que Ahau abaixou o braço, todos os homens saíram correndo do povoado, pegando todas as armas que conseguiam.
Daily ficou ali, olhando para ele. Percebeu o olhar de Ahua sobre ela. Não era a primeira vez que tinha uma sensação ruim ao ser observada pelo feiticeiro Kasenkino. Um arrepio a fez sair do devaneio e parar de pensar naquele homem que a impressionada e lhe dava certo temor.
Ela saiu correndo dali para ver se conseguia maiores informações sobre o que realmente estava acontecendo ali. Por que aquele luta agora? Teria o rei de Machia feito alguma coisa aos Kasenkinos que ela não sabia? Nascera ouvindo que o Reino de Machia e o rei Pollo eram inimigos dos Kasenkinos, mas na prática nunca havia visto nada que provasse isso. Somente histórias de uma inimizade que perdurava por muitos e muitos anos, décadas e talvez até séculos. Às vezes pensava que os dois povos haviam nascido inimigos.
Daily pensou em Burt. Se havia guerra, o velho amigo ferreiro sabia o real motivo. Ela se dirigiu até lá. Adentrou no local onde ele produzia suas armas sem se anunciar.
- Daily, o que faz aqui? – perguntou Burt surpreso ao vê-la ali.
- Você sabe que está havendo uma guerra lá fora?
- Sim, eu sei. Há muitos dias que não durmo direito, trabalhando na produção das melhores lanças e espadas que já fiz na minha vida. Enfim acho que agora vou poder descansar um pouco.
- E você está assim, tranquilo com esta guerra? Por qual motivo lutarão contra o rei Pollo?
- Seu pai não lhe disse nada?
- Não... Nada ele acha que me diz respeito. – falou ela decepcionada pelo pai não ter comentado nada sobre a enorme batalha que estava sendo planejada.
- Mas isso não é segredo para ninguém... Estamos nos preparando para esta batalha há uma vida inteira.
- Afinal, Burt, para que esta guerra?
- Posse de território, briga por comida, ouro e tudo que você já sabe. Mas creio que o que levou a antecipar tudo foi o fato de que carnearam vários animais nas nossas terras... Eram nossos.
- Mas por que fariam isso? Eles não têm os próprios animais no reino?
- Talvez quisessem esta batalha mais que nós.
- Mas não há marcas e nada que delimite onde é território de quem, não é mesmo? Então como podem ter certeza de que foi no domínio das nossas terras?
- Daily, não entendo o porquê de tantos questionamentos... Por que você insiste nisso? Você acha que alguma mulher está se importando com as delimitações das terras ou o motivo desta batalha? Elas sequer sabem o que está acontecendo... Só ficam na espera para que seus maridos voltem da batalha. E apoiam nosso povo independente do que houve.
- Você sabe que eu não sou assim... Conhece-me a vida toda. Jamais aceitei coisas sem questionar.
- Sei disso... Você é diferente de todas. Só espero que não se prejudique com isso algum dia.
- Certamente meu pai estará liderando o povo na batalha... Há chances de ele voltar?
- Por que faz esta pergunta? Sabe que Erone é o melhor guerreiro Kasenkino que já existiu.
- Tenho tanto medo, Burt... Por meu pai, pelos Kasenkinos e pelo reino de Machia.
- Só uma pessoa pode lhe garantir se seu pai voltará ou não... E você sabe quem é.
- Moa. – afirmou ela.
- Exatamente. Vá até lá e ele poderá lhe dizer com exatidão o que o destino reserva para seu pai.
- Faz tanto tempo que não vou até lá... Ele pode estar magoado comigo.
- Não estará. Sabemos o quanto ele gosta de você e deve saber que não é culpa sua.
- Eu preciso ver Moa o mais rápido possível.
- Não irei com você. Vou descansar um pouco e preciso continuar a produção.
- Por que mais armas? Você não disse que está fazendo isso há dias?
- Tenho ordens de continuar produzindo... O máximo que puder.
- E acha que conseguirá fazer muitas?
- Se eu não fizer posso ser sacrificado não é mesmo? Então farei o meu melhor.
- Não podem fazer isso com você. É o único que produz armas no nosso povo... Deveriam venerá-lo e não ameaçá-lo.
- Você sabe que eles podem fazer qualquer coisa, Daily. E eu aceito a vontade do nosso líder e as decisões dele. Você sabe que ele cumpre as ordens dos antigos espíritos. Eu jamais ousaria desobedecer nossos antepassados sagrados. Não quero ser amaldiçoado de forma alguma. Prefiro a morte a ser um homem sem espírito.
Ela respirou fundo. Imaginava ouvir aquilo dele.
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