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Noiva por contrato - Bella mia(série: Destinos entrelaçados)
A Segunda Chance com Meu Amor Bilionário
Um casamento arranjado
A ex-mulher muda do bilionário
Acabando com o sofrimento de amor
O que realmente importa
Por: Cupcake Queen
Adam não sabia onde se encontrava. A garganta estava seca e os olhos fechados, apenas uma coisa era evidente: todo o seu corpo doía e quando finalmente conseguiu abrir os olhos, pareceu ter levado muito tempo para fazê-lo. O teto branco que foi surgindo aos poucos lhe indicava que estava em um hospital, os fios pareciam vir de todos os lugares, espetando-o como um coador, um dos pés estava suspenso e engessado, um dos dedos da mão esquerda estava enfaixado e havia um curativo em sua bochecha direita e outro em sua testa. Virou um pouco o pescoço e viu alguém adiante, a mulher estava sentada e, Adam notou, parecia ler alguma coisa, ele não sabia quem era por estar sem os óculos, e também não sabia o que dizer.
Ele ainda ficou inerte por algum tempo, tentando identificar algo de familiar nos cabelos escuros dela e no vestido longo e listrado que usava, porém, somente quando a mulher fez barulho foi que ele a reconheceu, aquele ruído indesejado das batatas sendo mastigadas só pertencia a uma pessoa.
— Tia Liz? — falou devagar.
A mulher derrubou o saco de batatas.
— ADAM! — Sua tia se levantou exasperada. — Até que enfim você acordou, querido!
Ela segurou sua mão, a que não tinha o dedo quebrado.
— Estou tão feliz! Tão feliz! — A tia mal se aguentava, os seus olhos começaram a lacrimejar. — Pensei que te perderia…
— Meus… óculos — murmurou o enfermo.
— Estão aqui, querido. — Sua tia pegou o objeto negro e encaixou no rosto do sobrinho. — Como se sente, amor? — perguntou preocupada. Agora Adam via perfeitamente os olhos azuis dela.
— Péssimo. Quanto tempo fiquei desacordado?
Sua tia pareceu pensar.
— Umas duas semanas e meia. Você se feriu muito, tem sorte de estar vivo.
Ele fechou os olhos e respirou fundo, se preparando para a pergunta que faria a seguir.
— O que aconteceu depois que eu apaguei?
— Bom… — Liz esfregou as mãos, nervosa. — Depois que você apagou, chamaram uma ambulância, o lugar se tornou uma verdadeira confusão, mais de quinze emissoras de TV filmaram o acontecimento, sua mãe ficou tão desesperada que desmaiou duas vezes e você virou notícia em tudo quanto é lugar... Na verdade, ainda é.
Ela pegou a revista que estava lendo na cadeira, que foi rapidamente aberta, e Adam não precisou de muito tempo para ler o que estava escrito: "Adam Willians sobrevive após ataque de vilão megalomaníaco."
O rapaz revirou os olhos, odiou ver sua foto estampada ali.
— Todo dia alguém é salvo por um super-herói — falou seco. — Por que justo eu tenho que virar notícia? — perguntou irritado.
Sua tia tentou dar um sorriso complacente.
— Porque aquela garota pulou de um prédio para salvar você. Passou um monte de vezes na TV, todo mundo sabe que essa gente tem superpoderes e tal, mas ela poderia sim ter morrido, depois que você apagou ela ficou lá gritando seu nome, como se você fosse a coisa mais importante do mundo e depois que você foi atendido ela sumiu. O psicopata que jogou você lá de cima apareceu todo ensanguentado em uma delegacia do subúrbio às quatro da madrugada.
Adam ficou em silêncio, virou o rosto e fitou a parede.
— Acho melhor você ligar para a mamãe, ela vai ficar feliz em saber que eu acordei.
Ele não viu a tia assentindo em silêncio e se retirando do quarto, estava cansado demais.
O resto do dia pareceu animado para todos, menos para ele. As enfermeiras pareciam eufóricas e dispostas a ajudar com qualquer coisa.
— Tem um monte de repórteres lá fora — comentou uma delas ao meio-dia —, acham que você conhece a super-heroína que te salvou. — Ela não obteve resposta. — Alguns acham que ela é, sabe... sua namorada.
— Eles estão esperando. — falou outra enfermeira, que mexia no controle do ar-condicionado.
— O quê? — murmurou Adam.
O sorriso da mulher aumentou.
— Ela vir te ver — concluiu e saiu muito contente, o por quê Adam não sabia.
Horas depois sua primeira visita chegara. Sua mãe estava histérica, lhe beijava a cada minuto, ele lamentou a dor de cabeça que lhe causara e quando perguntou pelo pai, ela lhe disse que ele estava no trabalho, mas que ficara aliviado. O jovem na cama duvidou que o pai viera lhe ver mais de uma vez.
Adam teve que tomar mais remédios à noite, sentia náuseas e o monte de fios ligados a ele não ajudavam. Quando a enfermeira ligou a televisão, ele ficou cansado de ver notícias a seu respeito e acabou adormecendo.
Os dias se passaram anuviados.
Adam recebeu muitas visitas, pois haviam muitas pessoas preocupadas, no entanto ele nunca falava muito. Já se sentia melhor, mas as noites eram sombrias e o sono pesado, quase sempre acompanhado de sonhos com pessoas cujo rosto ele não conhecia.
Era sexta-feira quando ele acordou alarmado por mais um pesadelo, a janela do quarto estava com as cortinas abertas, lá fora a lua aparecia grande e cheia, mas Adam não olhou para ela, seus olhos estavam na garota parada ali, fitando o mundo lá fora. Ele não precisava colocar os óculos para saber quem era, todavia os pegou por instinto, mesmo com a luz fraca ele ainda podia enxergar os longos cabelos castanhos de Karin, também não era difícil reconhecer o casaco preto e o jeans rasgado que a menina usava.
— Pensei que não viria — ele balbuciou, a voz rouca ecoou por todo o cômodo.
Ela não se virou, nem ao menos se mexeu, ao contrário dos outros, não pulou para abraçá-lo.
— Você se lembra do que aconteceu? — ela perguntou.
— Sim — Adam respondeu meio irritado por ela estar de costas —, lembro de algumas coisas.
— Me diga exatamente do que se recorda, Adam — sua voz estava séria de uma maneira que ele nunca havia visto.
— Bom... — começou ajeitando os óculos. — Nós marcamos de nos encontrar no mesmo restaurante de sempre. Você se atrasou e eu acabei encontrando a Betanny, nós começamos a conversar, e você apareceu cinco minutos depois de mau humor, me culpando por um problema que eu nem sabia qual era — a voz de Adam era fria naturalmente, mas estava pior. — Sinceramente, Karin, eu não sou responsável por tudo de ruim que acontece na sua vida, somos adultos e devemos encarar nossos problemas, enfim, chegamos ao ponto em que você disse que não precisava mais de mim... — Ele sorriu para o vazio. — E eu disse que tudo bem, já que não me importava mais com você. Saímos do restaurante e íamos seguir cada um para um lado quando ouvimos os gritos, tinha um prédio pegando fogo, você correu pra lá, eu me virei e tentei pôr na cabeça que não era da minha conta, mas quis ver se estava tudo bem, não estava, Jhon te armou uma armadilha…e você caiu. Eu nunca vi você tão mal. — Ele tossiu.
— Então, você foi lá — murmurou a voz sombria da garota, que encarava a janela.
— É. Você pode me chamar de idiota quantas vezes quiser, mas eu sabia que aquele seria o seu fim, as pessoas veriam uma super-heroína morrendo, porém eu só consegui enxergar você sufocando dentro daquela roupa. — Embora costumasse guardar seus sentimentos para si, foi impossível não sentir o ressentimento em sua voz. — A última coisa de que me lembro, é da dor da minha costela quebrando.
Ele esperou, mas não obteve nenhum comentário dela.
— Você está com raiva por causa do carro, não é? Eu li no jornal que no meio da confusão caiu um poste em cima dele — ele se referia ao Porsche dela.
Mais uma vez, não obteve resposta.
— Karin?
— Sabe — a garota disse, enfiando as mãos nos bolsos —, as pessoas acham que super-heróis são imortais, que não importa qual mal ameace as pessoas, eles sempre vão vencer. Os humanos vivem inventando histórias sobre como é a vida deles quando não estão salvando o mundo, sobre com o que trabalham, o que comem… E, por fim, todo super-herói deve ser perfeito, quando colocam a roupa ficam livres de quaisquer defeitos. Mas nós dois sabemos que não é assim, não é mesmo, Adam? As coisas não são exatamente dessa forma. Eu, por exemplo, tenho alergia a abelhas, morro de medo de sapos e estou longe de ser perfeita e o meu pior defeito, Adam, é que eu sou extremamente egoísta! — a voz dela era amarga.
— Por que está dizendo essas coisas? — ele questionou, mas foi como se ela nem tivesse ouvido.
— Eu sempre admirei você, desde a primeira vez que te vi, sentado sozinho em uma mesa na aula de ciências. Todos os alunos se matando para fazer a atividade e você alheio a tudo, segurando um gibi nas mãos. O irônico é que quando eu saí da minha mesa para sentar ao seu lado, pensei que você sabia tão pouco da atividade quanto eu, porque não havia te visto tocando uma única vez no caderno, eu te dei bom dia e você tirou os olhos do gibi, eu deveria saber pela maneira como você me olhou por detrás dos óculos, pelos cabelos impecavelmente penteados, pelos lábios sérios, que você sabia mais do que qualquer criança naquela sala de aula. Você não se importou de me ajudar e isso me deixou muito feliz… Mas quando eu sorri, você não sorriu de volta e na hora do intervalo eu sentei com você, meu estranho amigo solitário.
Ele ficou calado, era óbvio que Karin não estava normal.