Apaixonada pelo CEO Frio
"Carolina, por acaso você está fingindo inocência na minha frente?" José disse, ainda sentado no sofá, enquanto a mirava com um olhar reprovador.
Por a garota não ter respondido absolutamente nada, mesmo depois de um longo minuto, um dos homens presentes gritou alto: "Você não ouviu o que o senhor José lhe perguntou?" Ela tremeu de medo ao ouvir aquela voz retumbante. Em seguida, aquele homem parou bem à sua frente, e levantou seu queixo com brutalidade. Com isso, cada uma das pessoas presentes na sala podia ver seu rosto. Naquele momento e, pela primeira vez, Anabela olhou diretamente para o homem sentado no centro de todos.
José Fernandes, que era justamente o seu marido.
"Senhor José, não achei que sua esposa fosse tão bonita. Agora entendo por que tantos homens gostam de lhe fazer companhia."
Anabela era realmente linda. Sua figura era delicada e seus olhos eram grandes e redondos, como os de um cervo, e eram tão negros como o azeviche. Suas sobrancelhas se uniram sobre os olhos, devido ao pânico que sentia naquele momento.
Na verdade, ela era tão atraente, que qualquer homem poderia se apaixonar por ela com muita facilidade. Apenas um simples olhar dela era o suficiente para que isso acontecesse.
"Você está assustada?" José perguntou, com olhos fixos na garota, em tom ameaçador.
Estava assustada sim, claro que estava.
"Fala! Não continue agindo como uma estátua estúpida!" Ele gritou, com raiva.
"Eu... Eu..." Anabela gaguejou, incapaz de completar uma frase. Realmente, ela queria dizer algo, mas as palavras simplesmente não saíam. Pareciam se perder em algum lugar dentro de sua garganta, pois ela não tinha ideia do que poderia falar na frente daquele homem perigoso.
"Sua reputação diz que você namorou muitos homens. Então, por que finge estar com medo?", disse o empresário. Ele odiava mulheres que mudavam de forma e cor como camaleões, e odiava, mais do que tudo, a mulher à sua frente. Se não fosse pelo fato dele já ter ouvido falar de seu passado, ela teria conseguido enganá-lo.
"Senhor José, deveria dar a ela uma lição, para aprender a ser obediente, de modo a não querer traí-lo no futuro", exclamou um dos homens de José, com total desprezo pela garota.
"Não estou fingindo, não vou trair você", disse Anabela, finalmente.
"Assim espero! Caso contrário, a família Rabelo não continuará vivendo!" José a advertiu, em tom grosseiro.
"Bem, vamos indo! Não devemos perturbar o senhor José", disse um dos presentes. Foi uma boda sem cerimônia, mas Anabela havia assinado o documento e, dessa forma, vendeu sua alma para aquele demônio.
Ao perceberem o olhar de José, todos saíram da sala, que logo ficou vazia, deixando os dois sozinhos, com todo o cheiro de cigarro e álcool que ainda não havia se dissipado do local.
"Vamos, levante-se!" José ordenou, ainda sentado no sofá, cruzando uma de suas longas pernas sobre a outra com muita elegância.
Anabela conseguiu ficar de pé, apesar da dor que sentia em todo o corpo. O vestido de noiva era um pouco desconfortável e a cauda era longa, então ela teve que puxá-lo com força com as mãos, deixando à mostra os saltos brancos dos sapatos.
"Venha aqui e sente-se ao meu lado", disse o homem e olhou para ela, se perguntando por que estava agindo de maneira tão recatada naquela noite, uma vez que costumava ser mais audaciosa.
Quando ela se sentou, ele enfiou um cigarro em sua boca. "Eu não fumo", disse Anabela em voz baixa.
"Você não fuma?", disse José, bufando. Como era possível que a famosa garota da família Rabelo não fumasse?
Então ele a forçou a pegar uma taça de vinho na mão, enquanto dizia: "Bem, então beba isso!"
"Eu não bebo", respondeu Anabela, negando de novo, pois tinha medo de desmaiar se bebesse vinho.
José endureceu a face, mas, desta vez, não a deixou em paz com tanta facilidade. Com sua mão enorme, pegou o rosto de Anabela e esvaziou a taça de vinho diretamente em sua boca.
O vinho era muito forte, então a garota engasgou e tossiu ruidosamente na mesma hora. O gosto era tão forte para ela, que a fez chorar.
"Carolina, você está falando sério?", o homem disse, rindo muito dela.
"De agora em diante, você é a senhora Carolina da família Fernandes, minha esposa. Esse não é um título que qualquer uma pode ter", acrescentou. Ele queria deixar bem claro, desde o início, que não toleraria maus comportamentos de parte dela.
'Não quero esse título, de jeito algum', pensou a garota, quase falando em voz alta.
Senhora Carolina da família Fernandes? Ela não estava nem um pouco interessada nisso. Tudo o que ela queria era ter liberdade para poder ir para a escola, e esperar que seu amado Telmo voltasse. No entanto, todos os seus sonhos tinham sido destruídos.
"Tem alguma coisa errada? Você não gosta de mim?" José perguntou e, percebendo o desprezo em seus olhos, acrescentou: "Ah, certo. Pode ter o homem que deseja, porque você é a senhorita Carolina, certo?"
Anabela apenas apertou os lábios, sem pronunciar uma só palavra, não porque não quisesse falar, mas porque seu estômago doía muito. Ela cobriu a boca com a mão e logo viu um copo de água na mesa.
Ela o pegou imediatamente, inclinando-se para a frente, e bebeu para tentar aliviar o desconforto no estômago. No entanto, algo estranho estava acontecendo, ela não conseguia engolir. Então, cuspiu tudo. Afinal, era bebida alcoólica, ao invés de água.
"Ah! Aí você gosta de bebidas alcoólicas", exclamou José, embora estivesse começando a acreditar que talvez a garota estivesse falando a verdade, já que realmente não havia bebido. Ou talvez ela fosse realmente boa em fingir.
"Não, eu só..." Anabela começou a falar, mas antes que pudesse terminar, se agarrou com força ao lado do sofá e vomitou tudo. Como não havia comido alimentos sólidos, tudo o que saiu foi um líquido ácido.
Depois disso, seu marido a ajudou a se levantar e a apoiou sobre seu ombro. Ele a carregou para o quarto e a jogou na cama.
Infelizmente, ao cair sobre a cama, Anabela bateu a cabeça no criado mudo ao lado e imediatamente sua testa inchou. Por causa do golpe, ela se sentiu ainda mais tonta.
Mesmo assim, José não demonstrou um pingo de piedade sequer pela mulher à sua frente. Apenas olhou para ela com muito desejo.
Isto era apenas o começo.